sexta-feira, 30 de maio de 2008

O significado de maio de 68

O que significa hoje, Maio de 1968? As efemérides em geral giram em torno de fatos concretos: uma batalha, uma mudança no mapa, uma descoberta, uma lei nova. Porém, Maio de 68 é uma efeméride múltipla, flexível, geograficamente diversificada e encaixada em processos políticos completamente diferentes e até opostos.
1968 começa antes e vai além de maio. É um processo e não um momento. Mesmo na França, os significados de Maio de 68 são variados: havia a revolta dos estudantes contra um sistema acadêmico burocratizado, havia a mágoa das esquerdas contra o presidente Charles de Gaulle pela violenta repressão na Argélia, havia um protesto dos cineastas contra o ministro da Cultura pela demissão de Henri Langlois da Cinemateca.
Nos Estados Unidos, a rebelião foi alavancada pela reação à guerra no Vietnã. Na Europa Oriental, o protesto à derrubada da Cortina de Ferro imposta pelo estalinismo. E no Brasil a rebelião visava a ditadura militar que, em quatro anos, já colocara dois presidentes no poder e ameaçava eternizar-se.
Em cima das rebeliões políticas encadeadas produziam-se contestações sociais, sexuais e culturais. Duas décadas depois do fim da Segunda Guerra Mundial e da falsa paz representada pela Guerra Fria, o mundo ocidental queria mudar.
1968 foi um gigantesco impulso para mudanças setorizadas. Hoje, 40 anos depois, as novas gerações não conseguem entender exatamente o que aconteceu, nem conseguem colocar-se diante das transformações que sobraram. É possível que o vulcão já esteja novamente em erupção e ainda não percebemos, é possível também que as conquistas de 1968 tornaram nosso sistema ainda mais rígido e inflexível.

Alberto Dines
Editorial do programa Observatório da Imprensa na TV, exibido em 27/5/2008

terça-feira, 27 de maio de 2008

Mostra 40 anos de maio de 68

26/05
10h - Os Sonhadores,
DIRETOR BernardoBertolucci
19h - Terra em Transe,
DIRETOR Glauber Rocha
27/05
12h - A sociedade doespetáculo,
DIRETOR Guy Debord
18h - A insustentável leveza do ser,
DIRETORPhilip Kaufman
28/05
12h - Teorema,
DIRETOR Pier PaoloPasolini
19h - Sympathy for the devil,
DIRETOR Jean-Luc Godard
29/05
12h - O Bandido da luz vermelha,
DIRETOR RogérioSganzerla
19h - Oliver,
DIRETOR Carol Reed
30/05
12h - Partner,
DIRETOR BernardoBertolucci
19h - Partner,
DIRETOR BernardoBertolucci
Algumas sessões serão seguidas de debate

terça-feira, 13 de maio de 2008

Bens de arquivo

Como já escancarado por aqui há um amor por aquivar. A noção de arquivo faz parte das mais variadas pesquisas que venho realizando. Não me recordo ao certo se em 85 ou 86 ganhei meu primeiro VHS. Era um modelo daqueles pesadões e me acompanhou durante parte da minha descoberta enquanto homem. Com aquele vídeo, e por que não dizer naquele vídeo, entrei em contato com o arquivo audiovisual responsável por parte de minhas reflexões, prazeres e angústias de outrora e da última hora. Ainda na mesma época a paixão pela música começava a surgir, também de forma arquivística. E também com a fita magnética dando o tom. Parte daqueles arquivos em k7 me levou aos livros. Aí a paixão arquivística caminhou. Sempre atenta aos excessos. Eram muitos livros na estante, muitas fitas na prateleira do Vídeoclube do Brasil em uma antiga casa que arquivou memórias e amigos que sumiram. Arquivar é filtrar. É permitir que o filtro seja também arquivo.

Os arquivos dispensavam muito método. Nem com meus próprios vídeos - que hoje em dia com os dvd's devem beirar os 2000 títulos - conseguia classificá-los. Eles me classificaram. Me classificavam e classificam até hoje. Sem perceber novamente me tomaram e pediram: Estude-nos. Pareciam dizer os arquivos. "O que sou eu do lado de cá", perguntavam as pinturas de Klee ... O que guardam em mim, o que guardam de mim? Perguntam os arquivos a memória.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Mal de arquivo



Foi naquela tarde num dia sem muita paz
A mente vagava e sorria pedindo mais
Pra não lembrar nada, além do sol e do mar.
Coisas que na memória a gente tende a guardar

Arquivar o que te faz sonhar
Registrar, pra não mais lembrar

Foi tarde da noite, num dia sem muito som
As horas passavam em busca de frases no tom
Livros sobre a mesa, fotos, quadros sem cor
Coisas que a música tende a compor

Arquivar o que te faz sonhar
Registrar, pra não mais lembrar


Ah! Foi de manhãzinha, lembramos então.
Um poema dizia “A memória é uma ilha de edição”
Ninguém duvidava soava tão bem
Aí alguém lembrou que esquecer faz tão bem

Arquivar o que te faz sonhar
Registrar, pra não mais lembrar

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Nietzsche em 2 tempos: Por Münch e por Dioniso


"O nosso conhecimento exterior da arte é, no fundo, absolutamente ilusório, porque ao possuirmos tal conhecimento, não nos sentimos unidos e identificados com esse princípio essencial que, criados único e espectador único desta comédia da arte reserva para si o prazer eterno. Só no ato da produção artística,e na medida em que se identifica com o artista primordial do mundo, é que o gênio poderá saber algo da essência eterna da arte: porque só então,como por milagre, se tornará semelhante à perturbadora figura lendária que tinha faculdade de voltar os olhos para se contemplar a si própria; o gênio será então objeto e sujeito ao mesmo tempo, será simultaneamente poeta, ator e espectador "

quinta-feira, 1 de maio de 2008

11:11


São 11 e 11 e tudo mudou
acordes não surgem com tanta facilidade
Escrevem por mim na terceira pessoa
Pedem que corra... Zelam por não ter moral

Além do bem, além do sal
Leio a cartilha do irracional
Pois de razão já estamos legal
E de tanta rima passei tão mal... Fui de mau a melhor

Lambe o bigode. Esquizo tu tá
Cheira teu corpo que os órgãos se foram
Morde o sinal fechado em tua casa
Anda de lado ...se move que para. Sempre concordei que pensar é andar. Andamento

Só não diga que certo tu és
Nem com quem andas nem de onde vens
Não jogue ainda seus dados, seus dardos não ferem
Nem olhe bem nos olhos de ninguém

São 11 e 11 e nada mudou
o curso do rio tem outra dificuldade
Oram por mim e por outra pessoa
Torcem que morra... Trazem seu enfermo portal

Aquém do zen, aquém do tao
Aqui e sempre tudo é passional
Pois sem razão festejo o banal
E de tanta festa perdi o sinal.... Fui da cama ao Laos.

Atira no pé;. Esquizo ta tu
Chuta o santo que os deuses se foram
Avança o sinal aberto na tua rua
Rouba o mendigo... Esfrega ( a lama e o caos) na cara


Só não diga que certo tu foi
Nem com quem andas nem de onde veio
Jogue agora seus dados, seus dardos me ferem
Olhe bem nos olhos desse alguém que te faz rir