quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2010




O filme é bem fraco. Mas o cartaz é lindo! Feliz 2010. O ano em que faremos contato.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A questão de "Avatar" ( o arrazoamento heideggeriano)




"Mas somente se nos voltarmos pensando para o já pensado, seremos convocados para o que ainda está para ser pensado" ( Martin Heidegger)

"Avatar is way behind the times, both thematically and technologically" .
" It's better than Transformers, and no worse than Ben Hur".(Steven Shaviro)

"Avatar", o filme do momento até primeiro de janeiro, creio, é certamente um bom filme devido a toda tecnologia do qual se constitui e faz-se constituir. Um filósofo e três filmes passaram pela minha cabeça assistindo-o. O primeiro dos filmes e que assisti esse ano foi o "Distrito 9", certamente mais relevante que "Avatar" por tratar do detrito ecológico da própria cibercultura ( O videolog tá lá, os "robôs-tela" também). O segundo foi "Caravana da Coragem", aquele mesmo dos Ewoks que já sacavam Ewya nos 80. E, evidentemente, 10 anos antes, "Matrix". Não vou falar muito o porque esses foram os filmes que vi dentro do filme: semelhanças por afinidade no discurso (ciber)-eco-lógico, semelhanças pela virtualização que passa o cinema de ficção científica dos 2000, semelhanças pelas criaturas da floresta.

Pretendo me ater nessa breve crítica sem muita profundidade ao filósofo que me veio o tempo todo a mente vendo "Avatar" de James Cameron. Talvez por gostar muito de florestas... Heidegger, que volto toda hora a ler e cada vez mais me em-baralho ( no fundo essa parece ser a missão do filósofo da floresta negra) com sua gestell ( traduzido por vezes como arrazoamento, mas que quer dizer em alemão armação, estante) lê a questão da técnica através da relação entre o dispositivo ( não traduzido assim pelo alemão) e o argumento racional do mundo. A expressão acontecimento-apropriação, a "tomada da linguagem natural" (Heidegger, Que é isto - a filosofia/ Identidade e diferença, Vozes, 2006, p.48) que cerca o dasein, o ser aí - supostamente, o sujeito na concepção de Heidegger - é o mote do filme a meu ver.
Comparações desse, confesso, necessário e bom filme, com o rizoma e o devir ( Deleuze, Guattari) e com a biopolítica ( Foucault) já despontam em alguns comentários que venho acompanhando pelo Twitter - sobretudo os da Ivana Bentes (@ivanabentes ) - mas no final acredito que o filme é profundamente heideggeriano. (Aliás as citações ao Steven Shaviro (@shaviro) do início dessas linhas também são do Twitter).
As raízes da metafísica, a linguagem como morada do ser, a ontoteologia (base de toda a metafísica) e a não-libertação da técnica dão sentido a esse Avatar, aos inúmeros Avatares. Nunca fui grande fã de Heidegger durante as aulas de filosofia ( de fenomenologia, especificamente), o autor sempre aparecia como um vilão pela associação ao nazismo, pela leitura equivocada de alguns autores. Mas depois que reconhecemos a importância para a filosofia do século XX, quando começamos a achar que estamos entendendo Heidegger, v-i-s-lumbramos outras possibilidades. "Ler" Avatar desse jeito nos faz crer que ele é um filme importante. Não sei se esse espetáculo todo visual e sonoro ( o som me impressionou tanto quanto as imagens) compensa as falhas em meio as folhas, e, mais ainda, se esse tom heideggeriano que percebi possa começar a justificar certos discursos ecológicos de muitos que ainda jogam papel pelas janelas dos carros. Heidegger meio que nos fez ver que continuamos entre o já pensado e o ainda a pensar, meio entre Avatar (ou Matrix) e o tal Distrito 9. Entre arquivos e árvores...

terça-feira, 22 de dezembro de 2009