sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Eterno retorno

"E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?" (Nietzsche)

3 comentários:

Leo Lagden disse...

O texto me remete ao filme Feitiço do tempo, onde o ator principal fica preso em um mesmo dia.
Tendo de viver repetidamente todos os acontecimentos dele, o jornalista acaba por surtar e tenta de várias maneiras de se matar e acabar com aquela verdadeira tortura.
Seria nada mais do que a reprodução do próprio inferno.

Adriano Berger disse...

Filosofia genial para aqueles que pensam que viver não vale a pena. Que façam valer então, antes que tudo se repita e não valham a pena por infinitas vezes!!

Em minha vida busco a perfeição, a semelhança de Jesus, a esperança de uma vida diferente da que se repete... dessa vez sem dor e sem sofrimento. Mas se o conto fosse real, te diria com a foça da voz: passaria tudo de novo sem perder a esperança, a alegria de viver e de buscar cada momento.

Belíssimo momento de meditação, amigo, obrigado postar!

Espero receber sua visita mais vezes em meu blog, se puder, ok!

Grande abraço,
Adriano
http://nanoberger.blogspot.com

Linhas de fuga disse...

Nietzsche é necessário nos dias de hoje!