quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Carne viva na tela morta

O grande Tadeu Capistrano organiza um evento sobre o genial cineasta David Cronenberg aqui no Rio. São filmes (todos), curso e seminários. Chama-se "Cinema em carne viva", e tá lá no Caixa cultural. http://www.carneviva.com/ .Fui ontem a estréia com três filmes que nunca tinha visto - agora da filmografia dele só falta Fast Company, de 79. No domingo tem sessão desse! Os de ontem foram: o curta "Câmera", de 2000 e os primeiros da carreira "Stereo" (1969), filme para os devires-cientista de todos no contemporâneo, e "Crimes do futuro" ( 1970). Esse último já tinha visto uns trechos quando baixei, mas fica bem melhor na tela grande. Esses primeiros filmes mostram um Cronenberg simulando o que viria depois. Se como na entrevista de segunda-feira ao Globo, o desafio do cinema seria traduzir sensações físicas em imagens, vemos um diretor muito mais dentro das mentes, do corpo da mente, do que da carne... claro que o corpo tá lá, não ainda tão monstruoso como em "A mosca" ( minha orientadora no mestrado e querida Ieda Tucherman é uma das palestrantes do seminário e o tema dela trata dos monstros em Cronenberg entre outros tantos monstros). Tá, por exemplo, na sequencia genial e profundamente mcluhaniana ou anti-mclhuhaniana de uma espécie de antena que sai do nariz de um dos personagens de "Crimes do futuro". Ah, tem também o médico que guarda em frascos seus tumores que nascem sem cessar do seu corpo ( e tome de extensões do homem). Em entrevista a Serge Grünberg, Cronenberg explica sua referência a McLuhan, não só através do dr. O'blivion de Videodrome, mas pelo "ambiente" McLuhan na universidade de Toronto, cidade cenário dos primeiros e de vários outros filmes do diretor. Diz o Cronenberg: " Eu não frequentei as aulas de McLuhan, mas sua influência era muito grande nas décadas de 60 e 70... de repente ele era o guru as comunicações e estava em todos os programas de tv ( tradução minha, completamente livre, David Cronenberg, Intreviews with Serge Grünberg. London, 2000, p.66)

Por essas e outras a mostra é imperdível e a pergunta inevitável: O que pode um corpo???

A foto é de Videodrome. Kill your tv...

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