quarta-feira, 4 de março de 2009

CEL.U.CINE - O telefone toca filmes







Na noite da última segunda (2/03) rolou no Oi Futuro a abertura do Festival CEL.U. CINE - Festival de micrometragens. O bate-papo de abertura contou com a presença de Cora Rónai, Fernando Paiva, Ivana Bentes, Paulo Mendonça, Sérgio Sá Leitão e Marco Altberg (primeira foto.). Estive lá como professor acompanhando minha turma de História do Cinema Contemporêno do campus Rebouças da Universidade Estácio de Sá. O Cel.U.Cine está só começando sua segunda edição. Vale acompanhar e participar. É só clicar http://www.celucine.com.br/.



O belo cocktail com direito a performance da música da cellphonika e o sempre belo ambiente do Oi Futuro eram pano de fundo para uma das discussões mais importantes do audiovisual na atualidade. Uma discussão que abre as portas para uma outra posição do audiovisual. Se James Joyce profetizou com a manchete em seu Finnegans wake: " Televisão mata telefone em rixa de irmãos", o dispositivo (agora móvel) renasce para uma nova mensagem....



Num artigo de 2004, a Ivana que tava por lá e logo depois foi coberta por um cone-câmera ( segunda foto ) já observava que "Depois da revolução da internet, outra febre que já se espalhou pelo mundo vai chegar ao Brasil: a possibilidade das operadoras de telefonia transmitirem conteúdo: vídeos, jogos de futebol, clipes, textos, games, concorrendo com a televisão e com outros produtores de conteúdo nacionais. (BENTES, Ivana. O estado novo da cultura, Caderno Mais. Folha de São Paulo, 19 de setembro de 2004. ). Essa consideração no fundo permeou a reflexão do papo. No fundo, pois essa posibilidade começa a se realizar deixando produtores das mídias tradicionais um tanto quanto preocupados. A selvageria que nos permite produzirmos enquanto consumimos, consumir já re-produzindo ou co-produzindo de uma nova forma é assustadora e convidativa a nós meros mortais... Não a toa o festival aparece como mais que uma possibilidade.



Sergio Leitão conectou-se com o fim da idéia de meio como mensagem do tio McLuhan. Acredito que esta vai sim por água abaixo, pois somos muito mais extensões do meio que vice-versa. Mas outras provocações de McLuhan são mais vivas do que nunca... A idéia de que o conteúdo de um meio é outro meio, não de forma cíclica ou espiralada, mas como o corso e ricorso de Vico ( a idéia desse filósofo era pensar a história como um fluxo e ao mesmo tempo um refluxo, trocando em muitos miúdos) é profundamente aprofundada por McLuhan através de sua leitura de Joyce -o responsável pelo corso ricorso nas letras - e torna-se emblemática em minha visão ajudando-nos entender um pouco mais da discussão.



Cora Rónai antenada com novas sensibilidades parece crer que nossas experiências na relação com a mídia móvel estão no comando. Nossa vida como um outro arquivo. Os outros debatedores também trouxeram luz e mais meios para um debate embrionário e por isso vital.



Por aqui deixo uma sugestão de um artigo escrito em co-autoria com Márcia Cristina da Silva Sousa ( Márcia Bessa). O artigo "Liguem seus celulares no cinema: Panorama, possibilidades e perspectivas" foi publicado na revista científica internacional interscienceplace recentemente. Aí vai o link http://www.interscienceplace.org/downloads/numero_quatro/liguem_seus_celulares.pdf.



Liguem seus celulares!

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