Propomos então como método uma análise bibliográfica e de uma cartografia cinematográfica a partir das obras de McLuhan. Influências, comentadores e seguidores que desdobram o texto mcluhaniano nos permitem compreender o universo desenhado com a reflexão sobre as novas tecnologias. Assim no primeiro capítulo, ‘Reflexões sobre a técnica’, discute-se os pormenores de um pensamento sobre esse saber fazer. Do pensamento filosófico ao referencial de McLuhan pretende-se nesse capítulo refletir sobre a técnica como algo que convive com o homem de uma forma não determinística, mas corriqueira, natural, apontando para uma origem biológica da técnica pensada através de continuidades e deslocamentos. Da techné de Aristóteles, do pensamento hodierno de Francis Bacon e Giambattista Vico para em seguida através dos recortes de Oswald Spengler e Martin Heidegger refletir como a técnica ganha em McLuhan outros contornos é parte de nossa proposta.
No segundo capítulo, através da tríade contexto/conceitos/crítica, tenta-se esmiuçar o pensamento de Marshall McLuhan. Compreender McLuhan[1], afastado da leitura maniqueísta como suas considerações fundadoras sobre a materialidade e a sensorialidade dos meios foram tratadas nas décadas de 60 e 70, é afirmar bases teóricas para a cartografia que propomos no terceiro capítulo, ‘A tela é a mensagem’, numa referência a famosa frase “o meio é a mensagem” do pensador canadense. Nele a questão da imagem e a relação entre texto e o dispositivo imagético apontam para o cenário que as novas tecnologias tentam desenhar para o novo sujeito que se relaciona com os meios de comunicação.
Alguns filmes apresentam tal idéia, outros colocam o próprio autor para explicar suas teorias, transformando McLuhan em um ator de seu próprio pensamento. Filmes que abordam a entrada e saída de personagens da tela ( daí uma das possibilidades de se articular a tela como mensagem) é exemplo na ficção que traduz o anseio do homem para com os media. Pensar com Ieda Tucherman que “A máquina é o novo ambiente da experiência. Na integração que se põe em movimento entre seres biológicos e maquínicos, corpo e pensamento, matéria viva e inerte, carne e silício”[2], desconstruindo antigas oposições, sobretudo entre natural e artificial, é refletir sobre a imagem de pensamento de Herbert Marshall McLuhan. O cinema como o locus capaz de promover um mais claro entendimento de um autor e, sobretudo, desfazer antigas concepções que colocavam a técnica como algo inferior e não como produto e produtor dos sujeitos.
No último capítulo lança-se mão de uma possível nova leitura da relação entre homem e meio, traduzindo alguns termos e noções de autores que dão seqüência ao legado mcluhaniano, apontando para uma nova forma de se encarar o homem diante das novas tecnologias.
Mais que apontar os caminhos que o leitor poderá percorrer uma introdução deve nascer com uma inquietação. Nossa inquietação nasceu de uma ida ao cinema. de uma sessão de um filme chamado “O Chamado”, The ring ( 2002), que por sua vez era o remake de um filme japonês ( Ringu, 1998). O filme de terror tinha os meios de comunicação como interlocutores. Vídeo, fotografia, internet. “O chamado” trata-se de um inventário dos media, e por isso nos soava mcluhaniano. Um McLuhan meio às avessas, mas digno das provocações do canadense. Desse filme para uma dissertação de mestrado marca a trajetória dessa obra que tão despretensiosa chega a ter finalidade. Nunca início, mas propósito. Propostas e margens.
Desconstruir McLuhan é pensar uma torção no pensamento do autor. Esse torcer as idéias através do cinema direciona o verdadeiro objetivo dessa pesquisa: pensar, que técnica e estética possuem uma dupla conexão com o sujeito na contemporaneidade. Se como observa McLuhan, “o cinema é um rival do livro; sua trilha visual de descrição e formulação narrativa é mais rica do que a palavra escrita”[3], tentar-se-á com o medium tão-somente explicar, estender e, acima de tudo, compreender um pouco a galáxia criada por Marshall McLuhan no seu livro que relaciona homem e meio. Levar-nos com um livro para além dos livros como extemporaneamente observou Nietzsche parece ter sido a vocação de Os meios de comunicação como extensões do homem. Esse livro que lembramos uma vez mais nasceu de uma dissertação pretende guiar-nos por uma nova posssibilidade: O homem como extensão dos meios de comunicação.
[1] O título do segundo capítulo é Understanding McLuhan, em referência a sua obra principal Understanding media.
[2] Ieda Tucherman. Corpo e narrativa cinematográfica. In Corpo, técnica e subjetividades, Revista de comunicação e linguagens, número 33, Lisboa: Editora relógio d’água, 2004, p.198.
[3] Marshall McLuhan. Os meios de comunicação como extensões do homem. Rio de janeiro: Cultrix, 1964, p.301.
No segundo capítulo, através da tríade contexto/conceitos/crítica, tenta-se esmiuçar o pensamento de Marshall McLuhan. Compreender McLuhan[1], afastado da leitura maniqueísta como suas considerações fundadoras sobre a materialidade e a sensorialidade dos meios foram tratadas nas décadas de 60 e 70, é afirmar bases teóricas para a cartografia que propomos no terceiro capítulo, ‘A tela é a mensagem’, numa referência a famosa frase “o meio é a mensagem” do pensador canadense. Nele a questão da imagem e a relação entre texto e o dispositivo imagético apontam para o cenário que as novas tecnologias tentam desenhar para o novo sujeito que se relaciona com os meios de comunicação.
Alguns filmes apresentam tal idéia, outros colocam o próprio autor para explicar suas teorias, transformando McLuhan em um ator de seu próprio pensamento. Filmes que abordam a entrada e saída de personagens da tela ( daí uma das possibilidades de se articular a tela como mensagem) é exemplo na ficção que traduz o anseio do homem para com os media. Pensar com Ieda Tucherman que “A máquina é o novo ambiente da experiência. Na integração que se põe em movimento entre seres biológicos e maquínicos, corpo e pensamento, matéria viva e inerte, carne e silício”[2], desconstruindo antigas oposições, sobretudo entre natural e artificial, é refletir sobre a imagem de pensamento de Herbert Marshall McLuhan. O cinema como o locus capaz de promover um mais claro entendimento de um autor e, sobretudo, desfazer antigas concepções que colocavam a técnica como algo inferior e não como produto e produtor dos sujeitos.
No último capítulo lança-se mão de uma possível nova leitura da relação entre homem e meio, traduzindo alguns termos e noções de autores que dão seqüência ao legado mcluhaniano, apontando para uma nova forma de se encarar o homem diante das novas tecnologias.
Mais que apontar os caminhos que o leitor poderá percorrer uma introdução deve nascer com uma inquietação. Nossa inquietação nasceu de uma ida ao cinema. de uma sessão de um filme chamado “O Chamado”, The ring ( 2002), que por sua vez era o remake de um filme japonês ( Ringu, 1998). O filme de terror tinha os meios de comunicação como interlocutores. Vídeo, fotografia, internet. “O chamado” trata-se de um inventário dos media, e por isso nos soava mcluhaniano. Um McLuhan meio às avessas, mas digno das provocações do canadense. Desse filme para uma dissertação de mestrado marca a trajetória dessa obra que tão despretensiosa chega a ter finalidade. Nunca início, mas propósito. Propostas e margens.
Desconstruir McLuhan é pensar uma torção no pensamento do autor. Esse torcer as idéias através do cinema direciona o verdadeiro objetivo dessa pesquisa: pensar, que técnica e estética possuem uma dupla conexão com o sujeito na contemporaneidade. Se como observa McLuhan, “o cinema é um rival do livro; sua trilha visual de descrição e formulação narrativa é mais rica do que a palavra escrita”[3], tentar-se-á com o medium tão-somente explicar, estender e, acima de tudo, compreender um pouco a galáxia criada por Marshall McLuhan no seu livro que relaciona homem e meio. Levar-nos com um livro para além dos livros como extemporaneamente observou Nietzsche parece ter sido a vocação de Os meios de comunicação como extensões do homem. Esse livro que lembramos uma vez mais nasceu de uma dissertação pretende guiar-nos por uma nova posssibilidade: O homem como extensão dos meios de comunicação.
[1] O título do segundo capítulo é Understanding McLuhan, em referência a sua obra principal Understanding media.
[2] Ieda Tucherman. Corpo e narrativa cinematográfica. In Corpo, técnica e subjetividades, Revista de comunicação e linguagens, número 33, Lisboa: Editora relógio d’água, 2004, p.198.
[3] Marshall McLuhan. Os meios de comunicação como extensões do homem. Rio de janeiro: Cultrix, 1964, p.301.
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