Sou classe médiaPapagaio de todo telejornalEu acreditoNa imparcialidade da revista semanalSou classe médiaCompro roupa e gasolina no cartãoOdeio “coletivos”E vou de carro que comprei a prestaçãoSó pago impostosEstou sempre no limite do meu cheque especialEu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anualMais eu “to nem ai”Se o traficante é quem manda na favela (...) Mas se o assalto é em moema O assassinato é no “jardins”A filha do executivo é estuprada até o fimAi a mídia manifesta a sua opinião regressaDe implantar pena de morte, ou reduzir a idade penalE eu que sou bem informado concordo e faço passeataEnquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornalPorque eu não “to nem ai”Se o traficante é quem manda na favelaEu não “to nem aqui”Se morre gente ou tem enchente em itaqueraEu quero é que se exploda a periferia todaToda tragédia só me importa quando bate em minha portaPorque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida ( Max Gonzaga)
http://www.youtube.com/watch?v=3uR_nfu0yV0O teórico da mídia Marshall McLuhan termina assim seu capítulo dedicado a imprensa na obra “Os meios de comunicação como extensões do homem”: “Os donos dos meios sempre se empenham em dar ao público o que o público deseja, porque percebem que a sua força está no meio e não na mensagem ou na linha editorial”. Tal afirmação enfatiza uma vez mais a máxima do autor de que “o meio é a mensagem”, que necessita ainda – e cada vez mais - de muita exploração para se chegar a qualquer explicação. Para lembrar, McLuhan era um otimista quanto ao veículo televisivo e o precursor de uma análise categórica sobre esse medium. McLuhan, que muitos consideram hoje também o arauto do pensamento sobre a internet, teria vasto material para suas análises nos dias de hoje. Sob a primazia do meio vivemos. Sob a confluência dos meios navegamos. Precisamos com urgência habitá-lo de outras formas. Essa outra forma passeia por aqui, pelos blogs, pelas possibilidades da rede. O texto que segue data de um ano e é mais uma vez uma crítica aos media. Cito novamente, e um ano atrás, o BBB. De uma terça-feira de 2007 tento pensar uma situação que parece não ter fim; poderia falar de ontem da entrevista de Steven Johnson ao “Roda Viva”, enquanto rolava mais um Big Brother, mas fico com um texto de um ano atrás, com a capa da Veja de um ano atrás para lembrar que ainda “a mídia manifesta a sua opinião regressa...”
O intuito desse artigo é propor o que a grande imprensa não vem fazendo de há muito: Explorar. Vasculhar o meio televisivo no sentido de discutir que por melhor que seja seu conteúdo é ainda a forma e os agenciamentos mediados por essa forma que dão as cartas. Esse desbravar se dá numa só noite. Que fique o exercício para os alunos dos cursos de Comunicação Social pelo Brasil espalhados. Que fique o exercício para os cidadãos que não mais apáticos somente assistem. Na terça-feira, dia 27 de fevereiro de 2007, a televisão brasileira dava uma aula sobre a relação apontada por McLuhan sem perceber. Ao mesmo tempo em que a TVE discutia com brilhantismo no seu “Observatório da imprensa”, a postura dos meios de comunicação, sobretudo o veículo impresso, diante do bárbaro assassinato do menino João Hélio, arrastado por ruas do Rio de Janeiro, a Rede Globo de Televisão exibia - com uma edição impecável - no seu Big Brother, o já famoso Paredão.
Enquanto convidados como o filósofo Renato Janine Ribeiro e a jornalista Tereza Cruvinel se empenhavam em pensar a relação entre a mídia e a violência e como pode a imprensa fazer algo para compreender as causas de tamanha crueldade, grande parte do Brasil se comovia com outra crueldade: aquela que dizem estar sendo cometida contra alguns participantes na casa do Big Brother Brasil e que serve para aliviar um pouco do sentimento de incredulidade que ainda ronda o povo brasileiro. De casa esse espectador tentava dividir sua atenção entre os dois canais e ainda dava parte de seu olho e corpo ao “Superpop” da REDETV, que exibia o imperdível debate com título parecido com “A maldição das novelas: os atores que sofrem a influência de espíritos malignos”.
No capítulo sobre a televisão do mesmo livro citado no início dessas linhas McLuhan dá a mensagem para explorar essa questão: “Acima de tudo a Tv é um meio que exige repostas criativas e participantes”. Cabe ao mesmo público que McLuhan menciona colocar o Big Brother no paredão? Será essa a alternativa? Que seja, sem problema. Mas não é única. Como meio e mensagem dialogam em uníssono, cabe ao público ainda um espasmo em nome de um meio que lhe interesse mais, já que pelo conteúdo belos programas como o da TVE aqui mencionado parecem cada vez mais relegados a um público muito específico e preteridos pelo “que o público deseja”. Unidos pela artimanha da indústria cultural precisamos cada vez mais reler McLuhan para entender o matrimônio entre meio e mensagem. Até que o Youtube os separe e possamos observar o que um outro meio pode fazer. Atento a televisão, McLuhan profetizava e rede mundial de computadores. A rede é a mensagem. Atentos ao Grande irmão - Globo ou qualquer outro produto da tv comercial brasileira - e a sua extensão impressa - Veja ou qualquer outro produto da mídia "pseudoindignada" - repensar os meios é tarefa de quem estuda os meios.
O intuito desse artigo é propor o que a grande imprensa não vem fazendo de há muito: Explorar. Vasculhar o meio televisivo no sentido de discutir que por melhor que seja seu conteúdo é ainda a forma e os agenciamentos mediados por essa forma que dão as cartas. Esse desbravar se dá numa só noite. Que fique o exercício para os alunos dos cursos de Comunicação Social pelo Brasil espalhados. Que fique o exercício para os cidadãos que não mais apáticos somente assistem. Na terça-feira, dia 27 de fevereiro de 2007, a televisão brasileira dava uma aula sobre a relação apontada por McLuhan sem perceber. Ao mesmo tempo em que a TVE discutia com brilhantismo no seu “Observatório da imprensa”, a postura dos meios de comunicação, sobretudo o veículo impresso, diante do bárbaro assassinato do menino João Hélio, arrastado por ruas do Rio de Janeiro, a Rede Globo de Televisão exibia - com uma edição impecável - no seu Big Brother, o já famoso Paredão.
Enquanto convidados como o filósofo Renato Janine Ribeiro e a jornalista Tereza Cruvinel se empenhavam em pensar a relação entre a mídia e a violência e como pode a imprensa fazer algo para compreender as causas de tamanha crueldade, grande parte do Brasil se comovia com outra crueldade: aquela que dizem estar sendo cometida contra alguns participantes na casa do Big Brother Brasil e que serve para aliviar um pouco do sentimento de incredulidade que ainda ronda o povo brasileiro. De casa esse espectador tentava dividir sua atenção entre os dois canais e ainda dava parte de seu olho e corpo ao “Superpop” da REDETV, que exibia o imperdível debate com título parecido com “A maldição das novelas: os atores que sofrem a influência de espíritos malignos”.
No capítulo sobre a televisão do mesmo livro citado no início dessas linhas McLuhan dá a mensagem para explorar essa questão: “Acima de tudo a Tv é um meio que exige repostas criativas e participantes”. Cabe ao mesmo público que McLuhan menciona colocar o Big Brother no paredão? Será essa a alternativa? Que seja, sem problema. Mas não é única. Como meio e mensagem dialogam em uníssono, cabe ao público ainda um espasmo em nome de um meio que lhe interesse mais, já que pelo conteúdo belos programas como o da TVE aqui mencionado parecem cada vez mais relegados a um público muito específico e preteridos pelo “que o público deseja”. Unidos pela artimanha da indústria cultural precisamos cada vez mais reler McLuhan para entender o matrimônio entre meio e mensagem. Até que o Youtube os separe e possamos observar o que um outro meio pode fazer. Atento a televisão, McLuhan profetizava e rede mundial de computadores. A rede é a mensagem. Atentos ao Grande irmão - Globo ou qualquer outro produto da tv comercial brasileira - e a sua extensão impressa - Veja ou qualquer outro produto da mídia "pseudoindignada" - repensar os meios é tarefa de quem estuda os meios.
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